Sócios

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Se eu fosse Pero...
Teria dito mais a D. Manuel naquela carta, aliás teria escrito um livro e não uma carta. – Pense! Quão maravilhoso seria? Descrever tudo, o desconhecido, o novo, as paisagens os índios, bobos! Foram cair na conversa deles, sim, dos portugueses, mas eu os entendo, nunca tinham se olhado em um espelho, nunca tinham visto uma galinha, até medo tiveram, bobos! Logo no primeiro bate-papo foram entregando tudo, gesticulando onde estava o ouro, a prata, os papagaios, até os papagaios? É dificil imaginar, acho que eu morreria! Só se fosse de tanto rir! Os portugueses fazendo mímicas, os índios sinalizando, gesticulando, apontando, ganhando recompensas, espelhos, talheres, roupas...
...Ah! D. Manuel, Vossa Alteza precisa conhecer este lugar! E o clima aqui? É maravilhoso e as índias? Belas, pardas, nada cobrindo as vergonhas, tão inocentes, como em mostrar o rosto, estou extremamente espantado. Água em abundância, animais nunca vistos, praias, terras, rios, verde em excesso.
Ah! D. Manuel, só queria que Vossa Alteza estivesse aqui hoje, para que visse com seus próprios olhos, mas Vossa Alteza? Lhe confesso que não sou Pero e estou quinhentos e tantos anos longe, não posso contar-lhe tudo o que aconteceu, para não decepcioná-lo, mas da terra que Vossa Alteza e seus bravos homens cabralinos avistaram,

“pouco proveito se pode tirar dela, já está tomada de homens cobiçosos, reinando aqui a burla, a roubaria e mais pode quem é mais velhaco!” .1

Ah! D. Manuel se fosse nos dias de hoje, eu com certeza não estaria escrevendo isso a Vossa Alteza, estaria lhe enviando um e-mail ou quem sabe até lhe fazendo um DDI Brasil/Portugal, evitando o retorno de uma caravela da esquadra, economizando e evitando assim o desgaste do veículo, os ríscos da viagem e o tempo perdido, mas como não sou Pero, nem Vaz de Caminha, nem Lopes de Souza muito menos de Magalhães Gândavo e tudo o que aconteceu já está feito, o jeito, é me contentar e tentar mudar daqui para frente...

Abraços!
Sinceramente, Pero Goularte Martins

1 Extrato do livro Terra Papagalli de José Roberto Torero e Marcus Aurelius Pimenta, adaptado por Kleber J. G. Martins

Kleber J. G. Martins 07/08/2010

Nenhum comentário:

Postar um comentário